Qual a chance de você postar uma foto com o produto de uma grande marca e despertar o interesse em patrocínios? Não é raro visualizarmos uma publicação em que o consumidor faz um apelo de patrocínio à empresa do produto consumido. Se a empresa patrocinar todos que solicitarem, as vendas com certeza cairão bastante. Já para o solicitante as consequências terão bem menos impacto.
Agora, e se esse consumidor for um influenciador digital? Será que a empresa optaria em disponibilizar produtos? Entre tantas coisas que a revolução digital nos trouxe a que tem me chamado muito atenção é a “voz” que as mídias digitais oferecem a todas as pessoas.
Digo isso porque hoje podemos postar em diversas redes o que bem pensamos, gostamos, imaginamos ou mesmo odiamos. Por um lado, é legal, pois surgem oportunidades de viabilizar talentos e negócios que antes dificilmente poderiam ser vistos por muitas pessoas. Por outro lado, surgem os oportunistas, que navegam pelo lado obscuro.
E o barato de tudo isso é que existe uma área dentro do marketing que estuda todo esse movimento e tendências, uma vez que, de fato, existem oportunidades para alavancar os negócios nesta miscelânia toda, seja por meio do marketing de conteúdo ou mesmo por meio dos “digital influencers”.
Cada vez mais as empresas estão conhecendo e montando estratégias de comunicação digital para acompanharem este movimento e importância desses influenciadores. Qual seria o impacto que a sua atividade comercial teria se um influenciador postasse uma foto consumindo o seu produto?
Mas esses mesmos influenciadores podem fazer um vídeo, uma live ou um post comentando negativamente sobre seu produto, a marca de sua empresa ou mesmo sobre um setor produtivo.
Certa vez, a badaladíssima cantora Anitta, que tem mais de 40 milhões de seguidores, postou um vídeo dizendo: “Para você tirar leite da vaca todo dia de manhã para o resto da vida ela tem que estar grávida para sempre, né? A vaca não dá leite assim, não é um bicho que dá leite do nada. A vaca, para dar leite, tem que estar grávida, tem que ter um filho. Porque tem que ter um monte de bezerro o tempo inteiro, enchem a vaquinha de hormônio para ela sempre estar pronta para engravidar”, disse a cantora.
Imagine a quantidade de pessoas que devem ter tirado o leite de suas refeições, mesmo a influencer estando equivocada em várias partes de sua fala. Acredito que poucos fãs da cantora “deram um Google” para verificar a veracidade dos fatos mencionados.
Existem três importantes termos que norteiam a qualificação de um indivíduo a ser ou não um influenciador digital segundo Bia Granja: alcance; ressonância; relevância.
- alcance: relacionado ao tamanho da audiência;
- ressonância: repercussão e capacidade de engajamento junto a audiência;
- relevância: diz respeito ao fit que o indivíduo tem com o assunto ou valores da marca.
Ainda sobre a Anitta, o lado bom para os produtores de leite é que ela não tem uma notória relevância sobre a pecuária leiteira.
O importante de tudo isso é que nossas atividades podem ser impactadas positiva ou negativamente por influenciadores que possuem grandes audiências. Bem como podem sofrer influência de indivíduos que tem relevância e entendem do assunto, mas possuem alcance menor.
A grande dificuldade é mapear e identificar quem são os indivíduos que conseguem influenciar outras pessoas e que possuem uma grande afinidade com o propósito, produto ou serviço da nossa empresa. Um passo importante é avaliarmos como os próprios funcionários estão engajados e influenciando outras pessoas com os produtos e serviços da empresa.
O fato é que, independente dos meios de comunicação que serão utilizados pela empresa, o cliente busca cada vez mais produtos e soluções alinhados com seus valores, princípios e propósitos.
No entanto, nem sempre a comunicação que a empresa faz é a mesma que chega no celular do cliente. Algumas vezes o cliente só percebe o propósito da empresa em um vídeo que o digital influencer postou. Essa é a nova realidade em que vivemos!
Bom, hoje a chance que eu tenho de ser patrocinado por uma empresa que eu admiro a marca e o produto ainda é muita baixa, indícios que eu preciso melhor o meu alcance, ressonância ou relevância. Como fazer isso, podemos discutir no próximo artigo.
Glauber dos Santos é formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), com pós-graduação pela Esalq/USP. Atua com o desenvolvimento de negócios através da capacitação de pessoas dentro das organizações, com experiência no desenvolvimento de treinamentos corporativos in company.