Se você quer saber mais sobre a responsabilidade socioambiental das empresas antes de embarcar no nosso curso, você está no lugar certo! Conversamos com o professor Fernando Rossetti para entender tudo sobre essa tendência.
Qual a possibilidade de chegarmos a um nível de evolução corporativa em que as organizações apresentem, em seus planejamentos, cuidado com os diferentes públicos e stakeholders que estão ligados à sua atividade? Rossetti começa explicando sobre o conceito de responsabilidade socioambiental e a quem isso engloba.
Valor compartilhado
“A ideia é que as empresas desenvolvam um olhar e façam o melhor possível para esses públicos, que são: o governo, então o compliance faz essa adequação à legislação e tributação; os colaboradores, trabalhadores e como essa relação se estrutura; o meio ambiente e como a atividade econômica da empresa impacta positivamente ou negativamente a água, o ar e a emissão de gases de efeito estufa; a própria sociedade e a comunidade onde a empresa está instalada; e acionistas e donos da empresa.”
É importante que a responsabilidade socioambiental compreenda políticas elaboradas para que todos esses públicos se beneficiem para, assim, criar valor compartilhado. Isso significa ser relevante de forma positiva para todos esses públicos.
Quando tudo começou
Rossetti volta no tempo para enfatizar que a responsabilidade socioambiental passou por um longo processo até conquistar o destaque que tem hoje. Ele comenta que isso começou na década de 1970, com a tomada de consciência da sociedade e das próprias empresas, que começaram a regular, principalmente, os dejetos produzidos.
Fatores como a fundação do Greenpeace, em 1971, e o surgimento de algumas legislações colocaram as questões ambientais ainda mais em pauta. Até então, valiam as palavras do economista Milton Friedman de que a única finalidade, propósito ou responsabilidade de uma empresa era gerar lucro para seus acionistas.
Assim, a responsabilidade de uma empresa girava, basicamente, em torno da relação entre o capital, o trabalho, os trabalhadores e o dono da organização.
Noção de públicos
Foi na década de 1980 que surgiu a noção dos vários públicos que interagem direta ou indiretamente com as empresas. “Algumas narrativas oriundas dos Estados Unidos da América e da Europa passaram a falar da responsabilidade corporativa perante outros públicos, como os consumidores, a sociedade em geral, o meio ambiente e a comunidade em que a empresa está inserida”, destaca Rossetti.
Os anos 90, particularmente, foram marcados pela Eco-92 (ou Rio-92), uma grande conferência internacional de clima que ocorreu no Brasil e colocou na agenda questões como aquecimento global, sustentabilidade, responsabilidade social das empresas e investimento social.
“A partir daí, esse tema ganhou uma velocidade que só se acentua com a globalização do capitalismo. A competição entre as empresas fez com que elas buscassem maneiras de agregar mais valor aos seus produtos, valores intangíveis, que podem ser percebidos nesse trato com os stakeholders”, diz o professor.
“E a partir de 2000, portanto, nos últimos 20 anos, as grandes corporações não podem mais se omitir sobre esse assunto e passam a assinar pactos globais sobre o clima e esse tipo de coisa.”
O cenário hoje
Contudo, comenta Rossetti, a responsabilidade socioambiental ainda é uma área muito desigual entre as empresas. “Empresas maiores, com mais poder de investimento, têm mais possibilidades de investir em responsabilidade socioambiental. Já as pequenas empresas conseguem fazer coisas muito menores, como evitar o desperdício de papel ou trocar os copos de plástico por opções permanentes de vidro”, exemplifica. Assim, esse movimento no Brasil e no mundo ainda é muito incipiente.
O mercado financeiro pode ajudar nesse processo. O professor aponta que as tendências do setor estão desafiadas pelo conceito ESG (environmental, social and governance – ambiental, social e governança), que é uma maneira de investir dinheiro em ações de empresas que têm responsabilidade socioambiental e não impactam negativamente os diversos públicos ao comercializar produtos ou serviços.
Quem pressiona?
Além dessa movimentação do mercado financeiro, Rossetti ainda identifica que existem duas fontes de pressão para as empresas garantirem responsabilidade socioambiental.
A primeira é o Estado, com as legislações ambientais. O professor cita como exemplo o Código Florestal Brasil, que restringe a forma de trabalhar de um determinado tipo de empresa. Ele também aponta que alguns governos também podem diminuir esse controle.
Aí entra a segunda fonte de pressão das empresas: os consumidores e a sociedade civil organizada. “Essa pressão vem do próprio mercado e da competição, dos próprios consumidores escolhendo produtos orgânicos ou que trazem a promessa de mais sustentabilidade. Eles olham os impactos positivos e negativos que os produtos e serviços das empresas estão gerando na sociedade”, explica.
A organização da sociedade civil em órgãos e emitindo certificações e índices faz com que as empresas se adequem para ganhar credibilidade e reputação e, assim, vender melhor os produtos, fidelizar mais clientes e engajar mais a comunidade.
Importância da responsabilidade socioambiental
Rossetti define dois fatores muito importantes e que resultam da responsabilidade socioambiental das empresas. A primeira delas tem a ver com a própria sustentabilidade do planeta.
“O modelo de produção, principalmente industrial e de venda, está gerando uma insustentabilidade que ameaça a própria espécie humana na face do planeta. Por isso a importância de preservação e sustentabilidade.”
A segunda, conforme o professor, é que, com o tempo, a empresa consegue essa fidelização e reputação para garantir sua longevidade e permanência na sociedade. “As empresas que investem hoje em carros elétricos estão com as ações no céu, porque incorporam esse valor intangível de ter um veículo que não emite carbono, o principal agente do aquecimento global. Isso promove um retorno, não imediato, mas de, inclusive, lucro maior”, exemplifica.
Hierarquia responsável
Para Rossetti, em uma empresa com responsabilidade socioambiental, o compromisso básico e maior vem dos cargos mais superiores da hierarquia. “O presidente ou o executivo principal lideram processos de sustentabilidade e cuidam de maneira mais sofisticada e refletida dos diversos públicos com os quais elas se relacionam.”
A partir disso, eles se comunicam com qualidade com a sociedade, promovem causas que são importantes para a sustentabilidade daquela comunidade e estão sempre inovando. Além de tudo isso, mantêm a atividade econômica, fazendo e produzindo riqueza na sociedade e gerando empregos.
O que o futuro nos reserva?
A tendência, aponta Rossetti, é que as empresas que caminham em direção à responsabilidade socioambiental sejam mais transparentes, com mais informação, diálogo e colaboração.
“A sustentabilidade da sociedade, seja ela econômica, política, social ou ambiental, depende da colaboração dos cidadãos. Você não constrói uma sociedade sustentável apenas nos conflitos. Precisa de consensos para que ela seja mais sustentável”, aconselha,
O professor finaliza com o exemplo da questão da emergência climática. “Existe uma divisão sobre esse assunto na sociedade. Existe um grupo grande de empresas que diminuem esse problema e, consequentemente, têm dificuldade em construir uma cultura corporativa que gere menos gases de efeito estufa, por exemplo.”
Contudo, Rossetti aponta que existe um consenso cada vez maior sobre esse problema e as empresas estão sendo submetidas à necessidade de mudar, com a crescente competição no setor e o surgimento de outros produtos e serviços que geram menos impactos negativos para serem produzidos ou operados.
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