Líderes desmotivados: dicas para cuidar da liderança

As exigências sobre as lideranças têm aumentado significativamente. Pressão por resultados, demandas cada vez mais variadas, rápido avanço de tecnologias, crises econômicas e vulnerabilidades. Tudo isso afeta diretamente as empresas que, por sua vez, exigem tomadas de decisões mais imediatas e assertivas, assim como a resolução de problemas complexos, que, muitas vezes, não contam com ferramentas suficientes para se chegar a um resultado positivo.

Esse cenário é propício para a formação de líderes desmotivados, podendo levar a doenças como depressão, síndrome do pânico e até o famoso Burnout – estado de estresse crônico e exaustão física e mental.

Para falar sobre este assunto, a professora Denise de Moura, dos cursos Comportamento Organizacional e Liderança e Líder Coach, da Plataforma Solution, faz um questionamento: quem, de fato, cuida dos líderes?

Valores

Quando identificamos líderes desmotivados, podemos pensar, em um primeiro momento, em pessoas que podem se sentir solitárias e pressionadas a lidar com resultados e desafios não só organizacionais (relacionados a engajamento e motivação de uma equipe), mas também de caráter pessoal, como a rotina em casa, o cuidado com a família e os vínculos sociais.

E tudo isso pode ficar ainda mais pesado se pensarmos, por exemplo, em uma liderança feminina. O peso das atividades domésticas costuma recair sobre as mulheres, mesmo após uma jornada de trabalho fora de casa.

Mas a desmotivação também pode estar ligada ao fato de algumas lideranças trabalharem em ambientes com culturas e valores muito diferentes dos seus.

“Os valores de uma empresa precisam ser coerentes com os meus valores. Se valorizo a cooperação, o trabalho em equipe, o cuidado com o cliente, jamais conseguiria atuar de forma efetiva em um ambiente altamente competitivo. Se eu sou criativo, gosto de inovação e estou sempre buscando formas diferenciadas para realizar um trabalho, dificilmente me enquadraria em um ambiente com normas inflexíveis, muita burocracia e baixa autonomia para tomada de decisão”, exemplifica Denise.

As lideranças precisam se questionar a todo o momento se a empresa em que atuam e as atividades que realizam são coerentes com seus valores e princípios.

Autoconhecimento para líderes desmotivados

Se você já se enxergou em alguma situação acima ou conhece alguém em cargos de liderança que se identifica com os exemplos, que tal anotar as dicas que a professora separou?

“O primeiro passo é o autoconhecimento. Os líderes precisam entender que nunca conseguirão fazer tudo sozinhos e necessitam contar com seus pares e com sua equipe. Isso exige uma boa dose de humildade”, destaca Denise.

O autoconhecimento possibilita a compreensão de pontos fortes e pontos de aprimoramento, que podem ser supridos e complementados junto à equipe. “A verdadeira liderança busca pessoas que complementem os seus pontos fracos, busca profissionais que são melhores do que ele, em alguns aspectos. Ao contar com a sua equipe, o líder consegue tempo para se dedicar à estratégia da organização, dar a atenção à família e cuidar da saúde, por exemplo.”

Visão de futuro

Conhecendo as insatisfações e incômodos, é possível tratá-los e desenvolver uma visão clara do futuro. A partir disso, com discurso e prática coerentes, o líder consegue mobilizar a equipe com sua automotivação e vontade em fazer diferente.

“Escuta ativa, maturidade, feedbacks corretivos e tomada de decisão em conjunto. Esses elementos são essenciais para se compreender que cada contribuição individual pode gerar resultados muito melhores”, ressalta Denise.

A professora ainda explica que, ao conhecer com profundidade sua equipe, o líder utiliza um estilo de liderança diferenciado para cada pessoa, delegando atividades aos profissionais de alto desempenho e orientando de perto aqueles que precisam de maior atenção ou que estão em processo de desenvolvimento.

Ninguém vive (nem trabalha) sozinho

Os líderes desmotivados podem acabar se esquecendo que ninguém mais consegue trabalhar sozinho ou tomar todas as decisões de forma isolada. É necessário confiar na equipe e em sua competência para alcançar o sucesso do negócio.

Além disso, é importante manter os vínculos com amigos e familiares para compartilhar emoções e dores. “Nenhum líder precisa bancar o super-herói, até porque somos todos humanos com ansiedades, expectativas e medos.  Não ter vergonha destes sentimentos é o primeiro passo para reconhecer que somos interdependentes e precisamos uns dos outros para seguirmos em frente.”

O motivo da sua ação

Já que estamos falando de líderes desmotivados, Denise acredita ser importante destacar a origem da palavra motivação. “São várias nomenclaturas e, a cada ano, muitos estudos e pesquisas são publicados sobre a temática. Mas eu gosto de uma definição muito simples que diz: motivação é o motivo para a sua ação”, enfatiza.

“É o motivo que faz uma pessoa acordar todos os dias, tomar banho, tomar café e ir para aquela empresa (mesmo de forma virtual). É o que faz outra pessoa fazer ginástica regularmente por entender que aquilo está lhe fazendo muito bem, tanto física como mentalmente. É a outra que estuda um idioma todos os dias, por conseguir ver, lá na frente, novas oportunidades surgindo.”

E se isso é motivação, então a desmotivação deixa sem motivos para realizar, sem entender por que se dedica àquela empresa ou atividade específica. E, para lidar com isso de forma assertiva, Denise selecionou algumas sugestões.

Dicas

“Líderes desmotivados e os colaboradores da equipe que se sentem sem motivação podem começar analisando suas necessidades e da empresa e alinhando seus conhecimentos e atividades. Ao se sentir útil e importante, o profissional acaba encontrando motivos para continuar realizando suas atividades.”

Depois disso, Denise comenta sobre reconhecimento. “O ser humano precisa de reconhecimento e feedbacks para compreender como está indo, o que precisa melhorar e o seu grau de excelência em atividades específicas. Neste sentido, a empresa precisa criar um ambiente aberto e transparente e uma cultura de feedback”, continua.

Outro ponto de destaque da professora é a capacitação. E isso também serve para todos os profissionais. “Quando as pessoas adquirem novas competências, elas se sentem mais autoconfiantes para resolver os problemas da sua empresa, desenvolvendo a tão almejada autoeficácia”, conclui.

Você conhece exemplos de líderes desmotivados? Que tal compartilhar com eles esse conteúdo?