Se você é colaborador em uma empresa, dono de uma marca ou apenas um consumidor curioso, que tal ficar por dentro das próximas tendências para marcas, esperadas ainda para 2021? Depois de um ano cheio de incertezas e surpresas, as empresas estão buscando investir em adaptação.
Afinal, muito do que vivemos tem a ver com a aceleração de processos que já vinham ocorrendo, mas em passos mais lentos. Para explicar melhor sobre o futuro dos negócios e dos comportamentos, Beatriz Guarezi, estrategista de marcas, curadora de conteúdo e criadora da Bits to Brands, elaborou um relatório de tendências para marcas para 2021.
No documento, ela ressalta nosso poder de decisão enquanto marca ou usuário; que essas tendências não são adivinhações e que existe uma lógica entre elas; e que elas não são realidades desconhecidas ou distópicas. Tá curioso? Vamos lá!
Serviços por assinatura
Assinar um serviço de streaming pode não ser mais novidade, mas você já fez as contas de quanto custa, por mês, para ter todos esses serviços? E por ano? Se reparar bem, vai ver que até o aplicativo de delivery criou um clube.
No relatório, Beatriz cita o termo “rundle”, criado por Scott Galloway, empreendedor e especialista em Marketing, que significa recurring revenue bundle (em português, pacote de receita recorrente). Ele compara a assinatura ou a fidelização com a monogamia.
De acordo com o material, a assinatura é uma forma de fidelizar o cliente, especialmente em tempos de incertezas. Em contrapartida, a busca por conveniência possibilita ao consumidor ter o que quer, quando quer e sem precisar buscar ou avaliar muitas opções.
Assim, entre as tendências para marcas, Beatriz prevê que, em breve, haverá pelo menos um serviço por assinatura disponível para cada área da nossa vida. A única dúvida é se teremos orçamento para garantir mais um serviço recorrente.
Além dos serviços de streaming e do clube do app de delivery, podemos citar, ainda, serviços de treinos e exercícios físicos por assinatura e até meditação por assinatura. O que mais vem por aí?
Ritualização
Se nossa vida virou de cabeça para baixo no último ano, é normal que busquemos certo controle e normalidade, mesmo que em pequenos momentos. Por isso, mais uma das tendências para marcas é a ritualização.
Confira um trecho do relatório: “Lavar o rosto com sabonete virou ritual de skincare. Trocar de roupa pela manhã virou ritual de produtividade. Abrir uma garrafa de vinho às sextas virou ritual de relaxamento. Ler algumas páginas de um livro antes de dormir virou ritual de descanso.”
Nossos hábitos mais comuns foram transformados em atividades cheias de significado. E as marcas já entenderam isso. Aqui, Beatriz relembra uma frase de Esther Perel, psicoterapeuta belga que conceitualizou o ritual.
“Rotinas são atividades concretas e repetitivas, que nos ajudam a desenvolver habilidades enquanto criam ordem e continuidade. Rituais são rotinas elevadas pela criatividade, movidas por intenção e imbuídas de significado.”
Se as rotinas de skincare foram as primeiras a serem associadas ao autocuidado e promovidas a rituais, seria óbvio utilizarmos um exemplo de marca de cuidados com a pele facial que envia uma faixa de cabelo junto aos produtos, indicando, assim, o início de um ritual de cuidado com o rosto ao colocar os cabelos para trás.
Por isso, vamos pensar em como o Outback, marca de restaurantes inspirados em comida australiana, está reconstruindo suas refeições dentro das casas dos clientes. As sugestões vão desde a luz mais baixa até uma playlist. Esses elementos ajudam os consumidores a criarem o ritual do restaurante presencial de forma mais fiel possível.
Quem gostou de conhecer mais uma das tendências para marcas vai gostar das dicas do relatório para criar rituais:
- Crie uma rotina, na experiência com a sua marca, que traga significado, celebração ou memória;
- Ofereça contexto para os consumidores se sentirem parte de uma tradição maior;
- Forneça significado, identidade ou destaque ao momento por meio de storytelling e conteúdo.
O conceito de lar
Se nossa casa era mais ou menos como um acessório, mero detalhe ou até depósito até o início da pandemia (já que passávamos a maior parte do nosso dia fora dela), hoje ela carrega o conceito de refúgio, segundo o relatório da Bit to Brands. A justificativa é que o verbo “morar” passou por uma grande mudança no mundo todo e nossa casa virou escritório, restaurante, academia e spa, por exemplo.
Em 2018, a Ikea disponibilizou um estudo relatando que uma em cada três pessoas se sentia mais em casa em outros lugares do que no lugar em que mora. Se pensarmos nas grandes cidades, a realidade era de apartamentos compartilhados, pessoas viajando muito a trabalho ou se mudando com certa frequência.
Com a pandemia, a tendência, que era de desconexão, passou a ser de refúgio, controle e muito mais. Segundo Beatriz, as casas deixaram, também, de serem espaços reservados para aparecerem em todas as interações e reuniões.
E se você está pensando somente nas videoconferências de trabalho, não se esqueça que premiações famosas e mundiais colocaram as casas das celebridades nos holofotes, gerando ainda mais a necessidades de lares “instagramáveis”.
As casas, então, se transformaram em lares, em uma transição individual, mas pouco solitária. O estudo da Bits to Brands destaca que as pessoas passam horas buscando e trocando referências em redes sociais como Pinterest, Youtube, Instagram, em vídeos de “do it yourself” (faça você mesmo) e até em programas de televisão.
Claro que as empresas não iam deixar passar mais uma das tendências para marcas, né? Pensar nas lojas relacionadas à construção e decoração também pode ser óbvio, por isso o relatório ainda traz o exemplo da Sprite, que está com uma ação de transformar casas.
Jogos
Também acelerada pela pandemia, a evolução dos jogos criou ambientes de comunidade, entretenimento e negócios onde não se imaginava há algumas décadas. Eles reúnem atenção e interação entre os usuários, atraindo, também, as marcas, que precisam lidar com um público jovem, nativo digital e anti-anúncios.
Esta última característica, comenta Beatriz, exige criatividade das marcas, que precisam se inserir na experiência virtual com seus produtos e diferenciais do mundo real.
Entre os exemplos mais recentes, O Boticário inaugurou uma loja dentro do jogo Avakin Life para os usuários adquirirem produtos da marca para os avatares e o McDonald’s abriu uma réplica do Méqui 1000 em The Sims 4, para servir as personagens e gerar descontos na vida real.
Descentralização do conteúdo
Entre as tendências para marcas, o universo dos negócios viu novas formas de interação surgirem. O “boom” de lives logo no início da pandemia gerou certo esgotamento a respeito do formato e isso ocorreu também com algumas plataformas.
TikTok, Substack e Clubhouse são alguns dos exemplos levantados pelo relatório sobre as novas formas de comunicar e interagir. Vídeo curtos, newsletter (textão por e-mail) e áudio, respectivamente, se diferenciam da proposta do Instagram, principal rede do Facebook.
E elas foram tão relevantes que, claro, o Facebook já está correndo atrás do prejuízo (com o Reels, por exemplo, e as experiências de áudio anunciadas em abril deste ano pela própria plataforma).
Essas tendências para marcas foram novidade para você? Queremos saber sua opinião sobre o assunto!