Os três Centros de inteligência e suas relações com o feedback

Emitir um feedback nem sempre é uma tarefa fácil, já que pode influenciar na forma como o outro vê a si mesmo. Por isso, entender a forma como nos comunicamos com as pessoas ao nosso redor é tão importante.

No artigo de hoje, falaremos sobre os 3 centros de inteligência presentes em cada um de nós, o porquê de um deles se destacar durante as nossas interações pessoais e profissionais e como eles influenciam o momento de feedback.

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Você como agente de mudança

Você sabe qual é uma das partes mais importantes para que o feedback seja um momento de diálogo e produtivo em relação a todos que estão envolvidos?

Essa parte é você. Como você, um agente de mudança, se relaciona com as pessoas, com o sistema no qual está inserido, com a sua equipe, com a sua família.

Todos nós, cada um de nós, somos, podemos e devemos ser agentes de mudança desse sistema. É também nossa responsabilidade observar quando algo precisa ser mudado e agir para que isso aconteça.

É impossível falar sobre comunicação e feedback, sem falar sobre você nesse processo.

Porque só quando nos conhecemos, e conhecemos os nossos padrões em relação à comunicação e ao processo do feedback, é que conseguimos ser agentes de mudança nos sistemas dos quais fazemos parte.

Quais são os 3 centros de inteligência?

Nós vamos começar a falar agora sobre um conceito bastante importante do autoconhecimento e da comunicação, que é o conceito dos “centros de inteligência”.

Esse conceito vem de algumas áreas de conhecimento – inclusive da Teoria U –, e diz que todos nós, todo indivíduo, todo ser humano, têm três centros de inteligência atuantes.

Temos o centro de inteligência da ação, o centro de inteligência do relacionamento, e o centro de inteligência da informação. Isso quer dizer que essas são as formas pelas quais nós interagimos com o mundo e interagimos com as pessoas.

Ou seja, temos esses três centros, mas, por conta da nossa personalidade, escolhemos de maneira inconsciente um deles para ser o mais atuante em nós.

Isso significa que existem pessoas que interagem com o mundo com um padrão de atenção na informação, outras com o padrão de atenção para o relacionamento, e outras ainda com o padrão de atenção para a ação.

Esse padrão de atenção traz para a gente características na nossa comunicação. Então, quando nós vamos nos comunicar – seja em um feedback ou em qualquer outra situação – nós trazemos esse centro de inteligência mais atuante em nós para o nosso estilo de comunicação.

Ou seja, algumas pessoas se comunicam querendo informação, algumas pessoas se comunicam querendo relacionamento, e algumas pessoas se comunicam querendo ir rapidamente para ação.

Vamos entender, então, na figura do emissor do feedback, o que cada centro de inteligência traz como característica dessa forma de estar no mundo, como padrão de comunicação.

Centro de inteligência da ação – centro instintivo

As pessoas que utilizam mais o centro de inteligência da ação, são pessoas consideradas práticas. Uma fala muito comum dessas pessoas é a seguinte: “eu tenho um problema, então eu quero tirar logo esse problema da minha frente. Então, se eu tenho um feedback para dar para alguém, eu faço isso rapidamente.”

Às vezes, a pessoa dá um feedback de avaliação na frente de outras pessoas, não escolhe o momento certo para falar, e pode falar de um jeito que seja considerado agressivo. É uma pessoa muito contundente para dar um feedback quando ele é de avaliação.

Então, são pessoas que tem no seu padrão de comunicação ir para o conflito com bastante facilidade. Elas não têm problema nenhum em se posicionar.

Por isso, é uma comunicação bastante objetiva, bastante assertiva, e pode ser vista inclusive como uma comunicação agressiva.

São pessoas que utilizam muito facilmente expressões como: vocês têm que entregar esse relatório do jeito que eu falei, vocês devem fazer isso do jeito que eu estou falando.

Então, trazem para a sua comunicação verbal expressões que podem ser muito impositivas. E isso muitas vezes pode gerar um bloqueio nessa conexão com o outro.

Além disso, essas pessoas podem ter também, na sua comunicação não verbal, uma expressão facial mais séria e fechada, o que pode gerar receio a fazer pedidos ou perguntas a ela.

Essas pessoas estão focadas na resolução do processo de feedback, ou seja, querem estar rapidamente resolvidas com esse processo.

Centro de inteligência instintivo – como fazem o feedback?

Quando chegam para dar o feedback a alguém, as pessoas com esse centro de inteligência vão muito facilmente para a sugestão de uma ação de mudança. “Olha, você fez desse jeito, então da próxima vez eu quero que você faça assim”.

Ou “olha, não faz desse jeito, faz desse outro jeito porque eu prefiro assim”. Então, eles vão rapidamente para como se resolve esse processo de feedback.

Não há problema nenhum – e uma coisa a se colocar aqui é que não há certo ou errado, não há centro de inteligência melhor ou pior. Os três têm características extremamente positivas, e têm características que precisam de bastante atenção.

Uma característica que requer bastante atenção para esse centro de inteligência, é justamente essa impulsividade, essa falta de paciência que pode aparecer na ânsia de agir, de focar na ação, pulando etapas de informação, de relacionamento.

Isso pode funcionar muito bem, principalmente em medidas mais urgentes. Mas, também pode trazer bastante conflito, ou até bastante confronto, quando essa pessoa está se comunicando no momento do feedback com pessoas de outro centro de inteligência.

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Centro de inteligência do relacionamento – centro emocional

E as pessoas que têm um padrão de atenção para o relacionamento? Para você entender exatamente do que estamos falando, confira o exemplo abaixo.

Uma profissional passa por um processo de mentoria, no qual comenta que uma das coisas que mais a incomodam na empresa onde trabalha é que, de manhã, enquanto está em sua mesa, alguns dos seus colegas passam por ela e não falam “bom dia”.

Ela considera isso um absurdo, sentindo-se desmerecida, porque mesmo que se vejam todos os dias, ela espera que o outro passe por ela e a cumprimente.

Essa é uma fala muito comum das pessoas do centro de inteligência do relacionamento. Quando elas estão se comunicando, o que elas precisam é serem engajadas no processo de comunicação, no qual precisam estar envolvidas.

Centro de inteligência emocional – como fazem o feedback?

Quando as pessoas com o centro de inteligência no relacionamento estão na posição de emitir o feedback, elas fazem isso com maestria, pois envolver o outro no processo de comunicação é criar conexão emocional.

Enquanto a pessoa do centro da ação é mais assertiva, mas pode trazer um ar de dureza para a comunicação, as pessoas do centro de inteligência do relacionamento têm uma comunicação mais leve e expressão convidativa.

Elas fazem perguntas para o outro. Então, antes de falar, muitas vezes elas perguntam como o outro está se sentindo, perguntam para o outro sobre as emoções dele, e falam das suas próprias emoções.

Isso pode ser muito bom, mas pode ter um viés e não ser levado muito a sério – num feedback de avaliação, que precisa de uma mudança de comportamento, o outro pode sair dela achando que foi apenas um bate-papo, sem ter percebido a seriedade daquele ponto que estava sendo colocado. Então, esse é um ponto de atenção muito importante para quem tem o centro de inteligência para o relacionamento.

A preocupação com a imagem – simpatia x empatia

Uma outra questão é que essas pessoas são bastante preocupadas com a imagem que transmitem. Todos nós temos uma preocupação com a nossa imagem. Mas para as pessoas desse centro de inteligência, essa é uma preocupação primordial. É uma preocupação central da personalidade.

Então, nessa busca por ser visto como uma pessoa competente, como uma pessoa bacana, como um colega de trabalho colaborativo, como uma pessoa animada, como uma pessoa disponível para o outro, empática, simpática, ela pode se perder nesse excesso de leveza em uma conversa que precisa ser mais séria.

E aqui há outro ponto bastante importante: muitas vezes, nós olhamos para essa outra pessoa, que é focada no relacionamento, e consideramos essa pessoa empática. Mas, pode ser que essa pessoa esteja sendo mais simpática do que empática.

Qual é a diferença comportamental? Na simpatia, a minha preocupação está, principalmente, comigo. Então, o meu olhar está voltado para mim, justamente em transmitir uma boa imagem. Na empatia, o meu olhar está focado no outro, na conexão que eu preciso fazer.

Então, elas podem ser exímias condutoras de conversas com conexão emocional, mas elas podem se perder um pouco também na busca por não trazer problemas para aquele relacionamento, e para não manchar a sua própria imagem.

Por isso, essas pessoas tendem a ter uma comunicação mais autorreferente, ou até uma comunicação, às vezes, mais passiva.

Centro da inteligência da informação – centro mental

Essas pessoas interagem com o mundo por meio, principalmente, dos seus pensamentos. Então, são aquelas pessoas que planejam muito bem algo.

Se elas têm uma conversa muito importante para ter com alguém, elas planejam como se fosse um quebra-cabeça. Essa é uma fala bem corriqueira, bem frequente das pessoas que se identificam com esse centro de inteligência:

“Para mim, uma conversa difícil é como um jogo de xadrez. Eu estou aqui na minha mente, pensando nas pessoas envolvidas como peças de um jogo de xadrez. E aí eu planejo qual movimento eu preciso fazer, o que que eu preciso falar, o que que eu devo não falar, que hora esperar para falar.”

Então, são pessoas que, como tem um padrão de atenção para a busca na informação, elas falam muito facilmente de fatos, elas conseguem descrever com naturalidade dados, estatísticas… Elas sustentam a informação nesses dados.

Em contrapartida, porque isso tem um lado muito bom, que é o de transmitir muita credibilidade, então são pessoas que, como buscam muita informação, possuem muito a compartilhar.

Centro de inteligência mental – como fazem o feedback?

As pessoas com o centro de inteligência na informação vão para o feedback com ele muito bem sustentado. Mas o viés disso é, justamente, serem interpretadas como uma pessoa fria emocionalmente.

Elas são pessoas que dificilmente vão falar das suas próprias emoções, de como se sentem, ou perguntar para o outro como ele se sente. São pessoas que, normalmente, funcionam muito mal com pessoas que são mais emotivas.

Elas são vistas como alguém com muita credibilidade, que têm o não verbal mais neutro, nas quais é difícil fazer uma leitura emocional. Então, é mais difícil entender se ela está bem, se ela está mal, se ela está feliz, se ela está triste, se ela está melancólica.

São pessoas que podem ser monossilábicas, falar muito pouco, ou ainda o oposto, que falam muito, com comportamento prolixo de comunicação, principalmente quando têm bastante informação sobre aquele assunto.

Por isso, no feedback, elas costumam ser precisas na informação, factuais, mas conectadas muito pouco de forma emocional. Então elas precisam justamente trazer esse ponto: fazer mais perguntas, serem menos polidas, menos formais, falar um pouco mais de si, se interessar mais pelo que o outro tem a falar em relação àquilo.

E se o outro falar sobre os seus sentimentos, trazer a sua escuta em relação a isso. E, por que não, falar sobre os seus próprios sentimentos, mesmo que isso traga para você uma sensação de vulnerabilidade. Isso certamente vai promover muita produtividade nos seus feedbacks, nas suas conversas difíceis.

O cenário ideal

É possível perceber, nesse panorama, que o ideal é que façamos uma alquimia, uma mistura entre os três centros de inteligência – ação, relacionamento e informação. Nós temos os três e, mesmo que um seja o predominante em mim, por que não usar um pouco de um e do outro?

Talvez você tenha visto que a sua forma de dar um feedback precise de um pouco mais de ação, ou precise de um pouco mais de informação… Dentre os pontos apresentados, com qual você mais se identifica, e qual ponto você percebeu que precisa desenvolver quando está na posição de emitir um feedback?

Nós podemos ajudá-lo a responder a essa pergunta com o nosso curso Feedback e Comunicação, ministrado pela professora Tatiana Vial, e que está disponível na assinatura Solution Plus.

Falar com apoio de fatos e ter escuta ativa são habilidades fundamentais para que o feedback seja muito mais do que uma avaliação, e sim uma estratégia fundamental para o estreitamento das relações de confiança.

Esse é um curso que aborda de forma igualmente importante o papel de quem fornece e de quem recebe o feedback, e ideal para todas as pessoas que desejam fazê-lo com inteligência e protagonismo. Para saber mais, clique aqui.

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