Começamos o ano de 2021 projetando novidades e novas metas. Contudo, muita gente ainda convive com os efeitos de um ano cheio de transformações e dificuldades como foi 2020. Vamos conversar um pouco sobre autovalorização e como ela ajuda a combater a Síndrome do Impostor?
Para começarmos esse texto, a professora Denise de Moura, dos cursos Comportamento Organizacional e Liderança e Líder Coach, da Plataforma Solution, ilustra um cenário: “Vamos imaginar que você foi promovido no trabalho. Em vez de comemorar a tão almejada promoção, a única coisa que você consegue pensar é que ela só ocorreu por pura sorte e chega até a questionar se suas habilidades atuais condizem com o novo cargo, sem reconhecer o seu merecimento.”
Esse padrão de comportamento profissional, de pensar que, a cada conquista, logo uma estupidez ou fraqueza será descoberta, constitui um modelo mental contrário à autovalorização, em que os sentimentos de alegria são abafados pela sensação de falsidade ou fraude.
A professora ainda dá outro exemplo e alerta: “Mesmo atingindo metas altas, você se sente fracassado, se questiona se está fazendo a coisa certa ou se autossabota constantemente? Você se cobra demais e exige perfeição em todos os aspectos da sua vida? E, como estamos em constante evolução e erros e acertos fazem parte desse crescimento, você vive frustrado e muito estressado? Então é hora de acender a luz amarela.”
Indícios da falta de autovalorização
A ausência da autovalorização abre espaço para que você se sinta um impostor. “Você se sente uma fraude e não se percebe merecedor das conquistas que alcança. Isso gera frustração, estresse, falta de autoconfiança e pode, ainda, catalisar uma depressão.”
Segundo Denise, outros fatores ainda contribuem com o desenvolvimento da Síndrome do Impostor e a consequente falta de se valorizar, como:
- Traços de personalidade
- Históricos familiares
- Necessidade de ser amado e respeitado ao extremo
Como trabalhar a autovalorização
“Essa falta de capacidade de interiorizar nossas conquistas e de reconhecer que temos um papel ativo e somos responsáveis por nossas realizações é a atitude oposta ao que precisamos neste momento”, diz Carol Shinoda, dos MBAs USP/Esalq.
Quando passamos por momentos em que o nosso entorno está cheio de obstáculos e dificuldades, Carol aponta para a importância da autovalorização e a necessidade de olharmos para nós e reconhecermos nossas habilidades de transformar, de correr atrás do que queremos e de superar.
“Não é simples e o processo de reconhecimento de nossas capacidades é longo. Eu mesma tive um processo longo de reflexão e terapia para perceber, por meio de fatos e dados, que teve indicação, ajuda e apoio de outras pessoas para chegar aonde estou, mas também teve a minha parte, a minha entrega, que me manteve aonde cheguei”, exemplifica a professora.
A influência das pessoas
Uma rede de apoio é essencial para nossa vivência e sobrevivência em sociedade, além de contribuir com a nossa autovalorização. Receber ajuda e orientação não faz de nós uma fraude.
Inclusive, após reconhecer a Síndrome do Impostor e tentar analisar como essas crenças infundadas de incompetência prejudicam nossa vida pessoal e profissional e nosso processo de autovalorização, a dica da professora Denise é contar com um amigo ou mentor para vigiar os momentos de autossabotagem.
“Receber feedbacks corretivos e positivos traz reflexões sobre comportamentos e crenças limitantes, que podem desencadear a análise e o desenvolvimento da autoconfiança, da autovalorização e de um modelo mental que tem orgulho das pequenas conquistas e faz disso um hábito”, explica.
Para Carol, nossas conquistas contam com o apoio das pessoas à nossa volta, que nos ajudam, nos impulsionam e nos dão oportunidades. Mas, no fim do dia, quem realiza e se mantém somos nós.
“Precisamos dos outros, ninguém vive sozinho, mas também precisamos nos empoderar das nossas capacidades e da nossa história, reconhecer que construímos muitas forças ao longo da nossa trajetória e, com isso, quando tivermos novos desafios, já temos alguns recursos para colocar e superar novas barreiras.”
Dicas
“A cada alcance de pequenas metas, comemore e veja que seu esforço e dedicação contribuíram com esse sucesso. Não foi por pura sorte. Trabalhe a confiança em si próprio e tenha orgulho da pessoa que você é. Tudo isso ajuda a mitigar as crenças limitantes que desfavorecem a autovalorização”, ensina Denise.
E muita atenção aos elogios. “Veja quais se repetem e quando. Assim, procure aprimorar, com constância, esses pontos fortes. Isso também ajuda no desenvolvimento da autoconfiança”, diz Denise.
Todos estamos suscetíveis à Síndrome do Impostor e a não reconhecer nossas próprias capacidades, especialmente em momentos de pressão e dificuldades externas. “Se não estivermos fortalecidos internamente, ficamos mais vulneráveis”, aconselha Carol.
Mesmo a autovalorização revelar uma questão muito íntima nossa, isso é sempre feito num contexto. “Vivemos em um mundo cheio de limitações, obstáculos e potencialidades. É nessa navegação de contexto que construímos nossa realidade, mas quem dirige esse barco somos nós”, conclui Carol.
Como é sua relação com a autovalorização? Compartilhe com a gente!